E a palavra da moda é...
reboot! Não, não estou falando da
divertida série animada dos anos
1990, e sim do reinício (mais um) do
Universo DC.
Porém, esse novo reboot não segue a mesma linha de outras histórias que supostamente deveriam zerar os títulos da editora como Zero Hora, Crise Infinita e Crise Final. Sagas de qualidade duvidosa e, que na verdade quase não tiveram impacto sobre a continuidade das revistas.
Na época, o reboot tinha um objetivo claro: enxugar a cronologia dos heróis que, então era uma verdadeira festa da uva, cada autor fazia o que bem entendia sem nenhum senso de continuidade ou coesão, bem diferente do que vinha sendo feito na Marvel.
Mas deixemos os anos 1980 de lado e voltemos à 2011 e o novo reboot. Quando li sobre os planos desse novo reinício minha primeira reação foi torcer o nariz (como acredito que fizeram a maioria dos leitores). Seria muito fácil chegar aqui e descer a lenha em tudo, no entanto eu prefiro pisar um pouco no freio e procurar entender melhor a situação.
É fato conhecido que ao longo dos anos DC e Marvel têm encontrado cada vez mais dificuldade em formar novos leitores e uma das razões desse problema é a longa e complexa cronologia dos heróis. Você que está lendo essa coluna, sabe dizer quantos Robins já existiram? Ou qual personagem famosa dos X-Men morreu em 2004 e nunca mais voltou?
Não é fácil para um novo leitor descer de pará-quedas no meio do turbilhão de heróis que mudam de identidade, mortes e ressureições, vilões que se tornam heróis e depois voltam a ser vilões. Voltando ao momento em que os super-heróis surgiram, a DC passa o recado de que não é mais preciso conhecer de cor um sem fim de histórias do passado, os leitores podem começar a acompanhar as revistas a partir de agora sem perder nada, e ainda ver a construção de uma nova mitologia chegando ao ponto do editorial da revista Justice League #1 trazer a frase: "Essa não é a Liga da Justiça que o seu pai lia." (ah, sim! As respostas das perguntas acima são 5 e Jean Grey).
Outra inicativa para atrair novos leitores será focar mais em histórias fechadas, assim qualquer pessoa poderia ler qualquer edição sem ficar perdido.
Mais um ponto é a questão da inclusão das linhas Wildstorm (que inclui os Wildcats), Vertigo (Sandman, Constantine, Monstro do Pantâno entre outros) e até do personagem Super-Choque ao Universo DC tradicional sem parecer que foram costurados depois. Como tudo isso vai se acertar junto, só o tempo dirá.
Mas é claro que as coisas estão longe de serem perfeitas. Nem todas as revistas estão ambientadas no "tempo presente", as continuidades de Batman, Lanterna Verde e Aquaman não foram tão afetadas quanto o Super-Homem, e a Mulher-Maravilha é uma incógnita, uma vez que a heróina já vinha passando por um reconstrução em sua revista. Parece que faltou planejamento, não dá pra negar.
Também não me agradou a volta de Barbara Gordon como Batgirl, eu vinha gostando da fase atual da personagem com Stephanie Brown (ex-Salteadora) por baixo da máscara, além disso quem ficará no papel de Oráculo, o "auxílio 24 horas para super-heróis"?
E não tem jeito. é impossível evitar aquela sensação que ao simplesmete zerar os crônometros, os editores fizeram a opção de varrer a sujeira para debaixo do tapete, e não de realmente limpar a sala, acertando tudo com seus títulos regulares.
[Atualização] Eu não queria esticar ainda mais esse post, mas acabei deixando de fora uma consideração importante: como ficam os fãs das antigas? Esses têm se queixado muito de falta de respeito da editora, e não os culpo por pensar assim, de certa forma faltou mesmo essa consideração, porém me parece que objetivo era mesma focar em leitores mais jovens. Como já comentei ali embaixo e no Orkut, o público adulto consome pouco, no máximo lemos alguma minissérie ou graphic novel. Quanto aos títulos regulares, raramente o público adulto os acompanha, e isso se torna um grande problema para a editora que precisa de um público consumista que gere lucros. De mais a mais, eu não acredito que a maioria dos fãs antigos ira abandonar os personagens, eu penso que esse público vai continuar na mesma situação: acompanhando de longe, e comprando algo de vez em quando. [fim da atualização]
Enfim, gostando ou não do reboot da DC não dá pra negar a coragem da editora de mexer dessa forma com algo tão enraizado na cultura pop. Colocando tudo na balança, eu acredito que essa pode sim ser considerada uma iniciativa justificável.
O site
Universo HQ fez uma matéria bem detalhada sobre como as coisas vão ficar que você
acessa clicando aqui.
Para o bem e/ou para o mal, as mudanças estão ai, e espero que saiam boas histórias dessa salada. E afinal, boas histórias não são o que realmente importa?