Já foram postados aqui no blog várias dicas para escrever roteiros de quadrinhos, mas até hoje eu não tinha trazido nada para ajudar os contistas de plantão. Ultimamente eu tenho procurado dar um foco mais literário para minha carreira, e postado sobre antologias abertas à novos escritores, já estava mais do que na hora de trazer algo assim.
O texto que segue foi escrito por James McSill, traduzido por Kyanja Lee e postado no site da Revista Fantástica.
1. Ter um único fio narrativo. Como o espaço de um conto é limitado – talvez pouco mais do que 1000 a 2000 palavras – não há espaço para explorar as histórias de vários personagens ou mostrar como os personagens principais reagem em diferentes situações.
Estabeleça uma linha de história e não se desvie da mesma. Alguns exemplos:
*a. Helena planeja uma vingança contra a mulher que roubou o seu emprego.
*b. Camila decide se fica ou não com a carteira que encontrou na rua.
*c. Ricardo enfrenta o seu arqui-rival numa competição de vida ou morte de motocicleta.
*b. Camila decide se fica ou não com a carteira que encontrou na rua.
*c. Ricardo enfrenta o seu arqui-rival numa competição de vida ou morte de motocicleta.
Se você começar a ampliar a trama de sua história – talvez focalizando as vidas de todos os competidores da corrida de moto de Ricardo – você está escrevendo uma novela ou um romance. Qualquer conto com mais de 4000 palavras é difícil de vender. Qualquer texto com mais de 6000 palavras é, em difinitivo, uma novela.
2. Um espaço temporal curto. Um conto é como uma foto – um instante congelado no tempo. - Faz um check-up de como seu personagem lida com um fato, em um período difícil ou traumático de sua vida. (Não é para lidar com a história de sua vida, fazer o estudo de um personagem ou escrever a crônica de suas várias aventuras.) - Os melhores contos têm um foco restrito – uma linha de história cobrindo não mais do que alguns dias. As histórias mais envolventes cobrem eventos que atingem seu herói em poucas horas cruciais. Um único estado de espírito, ritmo e estilo. - Um conto deve produzir o mesmo sentimento ao longo da narrativa. Não deve iniciar com um tom emocional recheado de sofrimento, para acabar descambando para um de comédia explícita. - Ele não d eve acelerar ou diminuir o seu ritmo de forma oscilante. Ou passar de um estilo seco, com sentenças cortantes e um vocabulário simples para uma prosa ininterrupta, langorosa, destilando expressões barrocas e imagens hiperbólicas. - No momento em que você muda a direção ou o tom que está sendo adotado, você provoca um tranco em seu leitor.
3. Descrições breves. Um conto não é o espaço para exibir suas habilidades descritivas. Descrições extensas matam o ritmo e desviam a trama da atenção do leitor. - Você deve sempre ter como objetivo alcançar o máximo efeito com o mínimo de palavras. Você pode preencher uma página descrevendo cada aspecto da aparência de uma mulher de idade, mas a única informação útil que você terá dado ao leitor é que a mulher é idosa. Ou seja, você poderia atingir o mesmo efeito em seis palavras. Ex: Edite tem ondas prateadas nos cabelos. - Forneça apenas as informações secundárias que forem relevantes à trama. - Se a estória for sobre as lutas e as vitórias de John com o fim de seu casamento, o fato de ele ter feito seis tentativas para obter suas medalha s de natação nos 100 metros ou ser alérgico a amendoim não é importante. - O truque é manter um bom balanço e fornecer informações concisas e fatos relevantes suficientes sobre um personagem, de maneira que o leitor consiga visualizá-lo.
4. O mínimo de personagens. Quatro personagens ou menos. Não há tempo nem espaço em um conto para encontrar um batalhão de novos rostos, e memorizar cada personagem e seu grau de parentesco ou envolvimento com outros. - Pense em como é difícil você se lembrar de todos os nomes das pessoas a quem é apresentado em uma festa. Dois é o número ideal de personagens para um breve conto, pois permite que você use diálogos de como eles conversam e reagem. Três é excelente para contos explorando o eterno triângulo amoroso, mas quatro é, de fato, o limite.
5. Sem enredos paralelos, moral camuflada ou subtemas. Simplifique. Conte a estória da forma mais direta possível e não tente ser tão brilhante ou intelectual. - O enredo é de suprema importância. Assim, não permita que nada interfira na forma ligeira e uniforme que se recomenda ao narrar a história. Esse desvio poderá acontecer se sua escrita falar em vários níveis e revelar toda a sorte de verdades ao leitor. Se isso acontecer, ótimo. Mas não se esforce para isso, em definitivo. Deixe que aconteça de modo espontâneo. - Não faça de seu texto uma lição de moral. - Não use simbolismos. - Não estabeleça a noção de que tudo tenha que ser significativo e profundo, pois grandes são as chances de que você termine com uma história cheia de significados entediantes.
6. Nada de criar um cenário ultra elaborado e redundante. As razões mais comuns que dispersam o leitor em alguns contos é que os escritores gastam as preciosas linhas iniciais montando o cenário. Ao invés de narrar a história, prendem-se a descrições desnecessárias sobre o tempo, a cidade em que a história ocorre, ou o estado de humor do personagem principal, sua aparência ou seu histórico familiar. - Vá direto à trama em sua primeira frase. - Saiba também estabelecer o final da história. Termine-a de imediato assim que o conflito de seu personagem for resolvido. Não se deixe arrastar sem rumo por vários parágrafos extras, até se esgotar num sopro. - Assim como uma boa piada, um conto tem que ter um final arrebatador.
7. Diálogos tensos e cortantes. Não há como justificar um título atraente e arrebatar a atenção de seu leitor se toda vez que seu personagem principal fala, dá vontade de bocejar. - Diálogos devem ter um ritmo veloz, excitante e dramático. São uma ótima maneira de injetar emoção em uma história. Ajudam a criar estados de humor e tensão. - Crie diálogos concisos. Que eles sejam apenas um flash (recorte sonoro) da realidade, e sirvam apenas para dar vida ou caracterizar de forma peculiar os personagens, e não prosaicos bate-papos. - Um texto sem diálogos fica menos tenso.
8. O menor número de pontos de vista quanto possível. Um bom conto deve relatar o que acontece ao seu personagem principal quando ele enfrenta uma certa quantidade de situações. E nós, leitores, devemos enxergar esses eventos através de seus olhos – e somente através deles. Se começarmos a ver a ação pela perspectiva de outro personagem, o texto não está sendo eficaz. - Além de ser muito confuso, isso distancia o leitor do herói – quebrando o vínculo de empatia. Quando uma história funciona bem, tem apenas um único ponto de vista, através do qual o leitor imagina a si próprio como herói. - Troque de ponto de vista quando isso for vital para o enredo. Não mais do que uma vez, no conto.
Olá Joe de Lima. Cara, vc é roteirista, certo? Eu sou desenhista e quero muito fazer uma HQ porém eu tenho as idéias mas não consigo organizá-las. Vc poderia me dar uma ajuda? se tiver msn me add por favor igorbragaia@hotmail.com
ResponderExcluirMuito obrigado, abração.
Igor
Cara, eu não curto muito MSN (acho que eu sou o único do mundo assim XD).
ResponderExcluirMas pode me mandar um e-mail: joedelima.blog@gmail.com
Fico no aguardo.
Bom artigo sobre a escrita de contos. Iniciei recentemente a escrita de contos, crónicas e ensaios e qualquer ajuda é preciosa. Continue o bom trabalho. Abraço!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário!
ExcluirTodas essas dicas tambem valem para roteiros em quadrinhos, principalmente os pequenos de 20 paginas ou menos.
ResponderExcluirSim, com certeza essas dicas podem ser lidas dessa maneira também.
ExcluirObrigado por comentário, amigo ^^
eu preciso encontrar dicas de contos humorístico, mas meu eu nao encontro e preciso fazer um até amanha!!!Estou desesperada!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirHumor não é minha especialidade, Maria Luiza, então nem vou me arriscar com algum palpite, mas dá uma olhada nesse link aqui:
Excluirhttp://www.comofazertudo.com.br/hobbies/como-escrever-com%C3%A9dia
Depois me fala se ajudou!