28 de set. de 2010

[Dicas para escrever] Criação de Personagens - parte 1


Qual é a primeira coisa que vem a sua mente quando se fala em Star Wars? É possível que muitas pessoas pensem em naves espaciais e nos diferentes planetas, mas a maioria irá pensar em Darth Vader, Princesa Leia e nos cavaleiros jedi com seus sabres de luz.

Por mais que o mundo da história seja rico e envolvente, são os personagens que mantém os leitores fiéis à história. Um bom personagem é alguém fácil de se gostar ou odiar, alguém carismático que possa levar os leitores a se identificar, espelhar ou admirar.

Mas como criar um personagem assim? Infelizmente, não há uma fórmula para criar personagens carismáticos, e isso sempre depende mais dos leitores do que do próprio autor. Mas no geral, podemos dizer que personagens mais bem elaborados, e com um ou dois defeitos têm mais chances com o público.

A criação de personagens é um assunto complexo e já foi tema de inúmeros estudos. Longe de mim, dar a palavra final, mas aqui vão algumas etapas básicas que podem te ajudar nessa missão.

Definição

Aqui temos apenas a informação básica, o mínimo necessário para saber com quem estamos lidando. É possível escrever uma história fechada de poucas páginas apenas com essas informações (como eu faço aqui no blog), mas não HQs com mais páginas ou mais capítulos.

A primeira coisa é definir o conceito, ou seja, o que o seu personagem é. De que tipo de pessoa estamos falando? Um guerreiro ou um advogado? Uma freira ou uma espiã internacional? Ou será um pica-pau com uma risada marcante?

Qual é o nome do seu personagem? E qual é a idade, ou no caso de personagens longevos (como vampiros e super-heróis), qual é a idade real e a aparente?
Depois vêm suas ocupações, o que ele/ela faz pra viver? Tem alguma outra atividade secreta? (Clark Kent é repórter e também é o Super-Homem). Onde vive (ou se esconde), e com quem?
Ele ou ela é solteiro(a), está namorando, é casado(a), divorciado(a) ou viúvo(a)? Tem amigos ou inimigos? Quem são?

O Passado

No mundo dos quadrinhos o passado define o presente. Pense em quantos personagens só se tornaram o que são devido há algum evento em seu passado. Peter Parker se tornou o Homem-Aranha para se redimir da morte de seu tio Ben. Magneto (dos X-Men) odeia a humanidade porque sua família foi enviada para um campo de concentração quando ele era criança. Gaara (do mangá Naruto, de Masashi Kishimoto) se tornou um maníaco homicida após sobreviver a uma tentativa de assassinato.

Os eventos do passado sempre irão interferir com o presente em diferentes intensidades. E lembre-se: mesmo que os leitores nunca venham a saber sobre o passado de um personagem é importante que o roteirista tenha pelo menos o quadro geral, para assim, determinar melhor as atitudes desse ou daquele individuo.

Vamos pensar então: Onde o personagem nasceu e cresceu? Como foi sua infância? Como era sua relação com a família e com os amigos de infância? Ainda tem contato com essas pessoas? Qual foi o fato mais marcante na vida dele ou dela?

Aparência

A menos que o seu personagem seja invisível, você por certo quer que ele/ela tenha um visual único e chamativo. Mesmo que o traço dos personagens (ou character design) seja criado pelo desenhista, ele fará isso com base nas referências que você passou.

Um erro comum quando se está começando é imaginar todos os personagens (ou pelo menos a maioria deles) como pessoas jovens, bonitas e na moda. Isso deixa a HQ repetitiva e pouco realista, como acontecia com os primeiros títulos da editora Image: todos os homens eram grandes e fortes, e todas as mulheres eram gostosas e se vestiam como strippers.

Nesse caso, a variedade é a fórmula do sucesso. Dito isso, vamos passar a questão do aspecto físico.
Qual é a cor dos cabelos e olhos? A que etnia pertence? Qual é o tipo físico (forte, gordo, esbelto)? Possuí algum traço marcante no rosto ou no corpo (tatuagens, cicatrizes, pierciengs, etc.)?
Uma boa regra aqui é criar um contraste entre os personagens. Se o herói é loiro, então sua namorada deve ser morena, ruiva, negra, etc. O importante é que não seja loira também.

Por fim, chegamos ao vestuário. As roupas refletem o dia-a-dia do nosso personagem: um mendigo vestirá trapos sujos, já um executivo usa terno e gravata. O mesmo princípio vale para a personalidade: uma garota tímida usará roupas conservadoras, enquanto outra mais saidinha vestirá trajes ousados.

Encerramos por aqui a primeira parte dessa coluna, fiquem atentos para a segunda parte.