15 de nov. de 2011

A polêmica da lei de cotas

Quem acompanha notícias sobre quadrinhos nacionais já deve ter ouvido falar sobre o projeto de lei de autoria do deputado Vicentinho (PT) que visa criar uma cota miníma para publicação de quadrinhos brasileiros. Em resumo, a lei determinaria que uma editora que publica quadrinhos deveria reservar 20% da sua linha para HQs made in brazil.

Esse projeto não é novo, e já tramita por Brasília há alguns anos. Se, e quando o projeto poderia ser aprovado é incerto, mas vira e mexe a discussão volta a tona: para se criar um mercado de quadrinhos nacionais forte, é necessária uma lei de cotas?

Vou dizer uma coisa pra vocês: eu sou totalmente contrário à criação dessa lei.

Me parece que aqueles que são a favor dessa política acreditam que com isso veremos editoras como a Panini e a JBC publicando mangás e comics nacionais com a mesma qualidade que dedicam a seu material importado, bancas cheias de bons títulos brasileiros e leitores ávidos para consumir as HQs tupiniquins. É claro que seria ótimo termos um cenário assim, porém eu penso que essa lei não é a forma de alcançar isso.

Citei a Panini acima, mas é possível que toda essa discussão não afete essa editora. Mesmo sem os números exatos, acredito que os vários títulos da Turma da Mônica já a deixariam dentro da lei de cotas, e em último caso bastaria encomendar uma nova publicação ao pessoal da MSP.

Naturalmente, esse não é a realidade das outras editoras (lembrando que eu não falo em nome de ninguém, hein gente?!), mas vamos pensar: o mercado de quadrinhos também é uma forma de comércio, e como qualquer estabelecimento comercial as editoras precisam tomar decisões que sejam financeiramente interessantes. Uma HQ nacional pode ser comercialmente viável? Sim! Holy Avenger é um bom exemplo disso, contudo não vamos nos esquecer que os custos e os riscos de produzir uma revista são muito maiores do que importar material pronto. E se houvesse interesse comercial em correr esses riscos, isso já estaria sendo feito.

Mas pode não ser só um problema de interesse, existe outra questão: quantas editoras tem caixa suficiente para isso? Sem interesse comercial e sem caixa, haveria o risco de vermos uma enxurrada de HQs sem qualidade produzidas a baixos custos apenas para cumprir as cotas. E por qualidade não falo da história ser boa ou ruim, até porque esse é um conceito subjetivo (e gosto não se discute). Por qualidade, quero dizer material bem planejado e executado, com consistência nos roteiros, desenhos, etc; bom acabamento e impressão, além de uma distribuição eficiente.

Por tudo isso, eu não vejo a lei de cotas como a solução para se criar uma nova cultura de quadrinhos brazucas. Eu acredito que programas como o ProAC, que já financiou algumas HQs, podem ser um caminho. Outra caminho seria o de oferecer incentivos fiscais a editoras que publicarem títulos feitos por aqui (semelhante a Lei Rouanet que oferece deduções de impostos para quem investir em projeto culturais). Assim, uma HQ nacional poderia ser mais interessante do ponto de vista comercial e as editoras poderiam selecionar melhor o quê publicar.

Afinal, uma revista em quadrinhos deveria conquistar seu espaço nas bancas pela qualidade, e não por força de alguma lei.

E vocês o que pensam sobre esse assunto? Deixem seus comentários.

34 comentários:

  1. Grande postagem, Joe! Já tinha ouvido falar por alto nessa lei, mas graças a você, agora sei detalhes. É, a princípio parece uma boa ideia, mas você disse bem: isso ia garantir material em bancas, mas QUALIDADE já são outros quinhentos. Quem gosta de quadrinhos e quer que eles sejam respeitados (seja como mídia, como arte ou como simples entretenimento) tem que defender a qualidade das publicações. Infelizmente essa lei, se aprovada, me parece que vai causar um retrocesso no pouco respeito que os quadrinhos vêm ganhando com o passar dos anos. Porque mais quadrinhos RUINS estariam disponíveis para seus críticos fazerem valer um velho e preconceituoso ponto de vista: de que os quadrinhos são coisa para crianças apenas, e pior: sem qualidade.

    ResponderExcluir
  2. Concordo com você. Obrigar as editoras a publicar material nacional por meio de uma lei não é uma boa idéia. Pode até haver aumento de títulos nacionais em quantidade, mas não em qualidade. É uma solução simplista demais, que não abrange todos os aspectos do problema. Já os incentivos fiscais me parecem uma boa. Seria uma solução que estimularia as editoras a publicarem material nacional, mas sem o peso da obrigação. É bacana a intenção do deputado, mas se trocasse "cota" por "incentivo fiscal", acho que funcionaria melhor.

    ResponderExcluir
  3. É também importante lembrar que, mesmo com incentivo fiscal ou coisa parecida, nenhuma editora vai se interessar por quadrinhos de um autor que ainda não tenha qualidade suficiente para vender, ou que não consiga despertar o interesse do seu público alvo. Portanto, os autores devem lembrar que praticar e saber ouvir as críticas e elogios é algo crucial para sobressair, não importa se a situação está favorável ou não. Isso vale pra quem publica de forma independente também, o que seria outra saída para compensar o desinteresse das editoras.

    ResponderExcluir
  4. Obrigado por comentarem ^^

    Ah, quem for a favor das cotas pode ficar a vontade pra comentar também.

    ResponderExcluir
  5. Me lembro, quando era bem mais novo, de uma lei que exigia que filmes internacionais mostrassem curtas nacionais antes de sua exibição. Não sei se vocês lembram, mas era o momento em que a grande maioria escolhia pra ir comprar pipoca, dar uns amassos nas cara-metades, fazer qualquer coisa (normalmente, com muito barulho) menos assistir ao tal curta que era exibido. Foi um tiro que saiu pela culatra.

    E não sei por que, mas essa lei me parece exatamente a mesma coisa. Leis de cotas, sejam elas quais forem (e vai daí a lei imbecil similar para grupos étnicos em faculdades, a qual, para mim, já era uma forma de segregação em si) não me parecem nada com uma forma de propagar a cultura nacional (de quadrinhos, cultura de forma geral, o que for), mas uma imposição que levaria indubitavelmente à estagnação.

    Adorei a postagem e acredito que atos como o Proac, ou a lei Rouanet possam ser de valia para alavancar essa forma tão desprezada de cultura. Mas isso apenas não adiantaria.

    Mauricio de Souza a parte, e sendo fã incontestável de Holy Avenger (entre outros que deram certo, ou deram certo por um tempo), que são duas formas excelentes de mostrar que quadrinhos brasileiros podem funcionar tão bem ou melhor que os internacionais, o que precisa mudar juntamente com incentivos fiscais e apoio a editoras são os próprios leitores.

    Mesmo porque, como a própria postagem já diz, é um grande risco para uma editora lançar e manter uma publicação mensal, e são poucas as que conseguem. Mas mesmo com o apoio a cultura por parte do governo, de nada adiantaria se o público não comprar, divulgar, preferir, ler...

    E não é exatamente uma questão de quem vem antes, a qualidade nos quadrinhos ou o hábito de ler. Mas sim uma conscientização geral de que há quadrinistas maravilhosos em nosso país, e que independente de qual for o estilo da história, vale a pena entrar na fila pra ler, ao invés de ficar eternamente sonhando com os novos lançamentos de marvel, dc, sei lá mais o que.

    Se for bom, o público aprender a ler e houver incentivos, aí sim daria realmente certo. Mas é um longo caminho ainda, e tem que ser feito em conjunto.

    ResponderExcluir
  6. Obrigado por comentar Pensador!

    Eu concordo com você, tudo é parte de um processo: os leitores, as editoras, as revistas. Ou esses aspectos evoluem juntos, ou vamos ficar na mesma.

    ResponderExcluir
  7. Ah, e obrigado por tantos elógios gente!

    ResponderExcluir
  8. Discordo!
    É preciso ter as cotas SIM! Do contrário, as editoras nunca vão sair da sua zona de conforto, a qual, diga-se de passagem duram anos e anos!
    E a gente sabe e muito bem, que isso de deixar o sistema se auto-gerir dá merda.
    Ou vcs acham que os Japas não pensaram nisso quando tacaram a lei 152 lá em Tóquio?
    Ou vcs acham realmente que os EUA não teriam quebrado se tivessem falado pro Mercado: "Ow, na boca não!"
    Falando de quadrinhos no Brasil, atualmente não tem como a gente dar um choque de realidade nas coisas e forçar uma mudança sem o aval do Estado.
    Porque ninguém quer mexer nisso porque vai dar bode, nêgo aí vai ser obrigado a fazer algo que não quer.
    Não quer, mas PRECISA ser feito!
    Por enquanto é isso!

    ResponderExcluir
  9. The Fool, eu só tenho dúvidas se essa medida criaria mesmo uma nova cultura de leitura. Não é porque a revista está na banca que os leitores vão comprar.

    Obrigado por ler e comentar!

    ResponderExcluir
  10. Um milagre por vez, Joe.
    O principal que é as pessoas lerem, elas estão fazendo. Lendo revista informativa, livros de aventura, romance, revistas de fofocas...Ok, não são os melhores exemplos de leitura, mas ainda assim são exemplos.
    Ponto é: como chegar nos leitores e conquista-los a ler também quadrinhos?
    Isso é o que não sabemos fazer direito.
    Temos alguns exemplos de ontem e outros mais atuais, mas está tudo muito esparso. Existem períodos de hiato imensos.
    Isso não pode acontecer!
    Coréia do Sul, um excelente exemplo contemporanêo, vc viu isso?
    A produção de quadrinhos e obras de entretenimento deles era praticamente nula.
    Mas o Estado entrou na onda, os empresários toparam o desafio e olha eles hoje, com videogames e quadrinhos pro público interno e externo!
    É por aí.
    Mas claro, comparar a Coréia do Sul com o Brasil é comparar formiga ( Coréia do Sul ) com um Mastodonte ( Brasil ).
    O tamanho do Brasil e os empecilhos são muitos, demais, teríamos que repetir o "milagre coreano" uma dezena de vezes seguidas para termos um mercado interno e só então partir pra fora.
    Vai ser um trabalho hérculeo e o povo não tá a fim de fazer isso não!
    Contudo...
    Os tempos estão mudando, as pessoas estão mudando.
    Elas estão deixando os quadrinhos de lado, estão indo pra outras coisas.
    Um belo dia, essa coisa que chamamos de mercado nacional de quadrinhos vai dar um treco e alguma outra coisa vai entrar no lugar.
    E perdoe a franqueza, não estamos preparados pro caso disso acontecer!
    A época boa do quadrinho impresso já ficou pra trás, estamos num período de transição, pelo menos pra mim ESSA É A HORA de deixar o lodo e irmos pras cabeças!
    Por enquanto é isso!

    ResponderExcluir
  11. Valeu pelo complemento, as suas observações são bem interessantes!

    ResponderExcluir
  12. Deixando aqui a minha opinião.
    Nunca fui a favor de lei de cota nenhuma, isso aí é maneira que o governo acha para tampar o buraco dos problemas. “Ah, não temos muitos quadrinhos nacionais sendo produzidos? Então vamos impor um tanto por cento de cotas, o povo para de reclamar e a gente ainda fala que está melhorando o mercado de HQ no país.“
    Não é assim que funciona. Tem que comecar de baixo, primeiro colocando material bom e de qualidade, incentivando o público no geral a ler quadrinhos, dando incentivos as editoras que apostem em material nacional, e por aí vai.
    Porque imagina se essa lei for aprovada, pra cumprir esses 20% as editoras não vão estar nem aí pra qualidade e vão pegar QUALQUER UM, pagando mais barato que puder pros desenhistas e roteiristas. Vai ficar pior ainda, não é impondo uma cota que se resolve os problemas. O mercado nacional tem muitos buracos, tem que se resolver cada um aos poucos, não é da noite pro dia que se resolvem as coisas.

    Acho iniciativas tipo a do ProAC válidas, mas pelo que andei lendo, eles pegam muito material que é muito voltado pra escola, tipo adaptacão de uma literatura. Ok, eu acho legal, o problema é se só ficar nisso e não abrir espaco pro pessoal mostrar trabalho autoral. Acho que dá pro povo ser criativo e fazer algo além de ficar só transcrevendo em forma de quadrinhos um fato histórico ou um livro. Como eu sigo com um trabalho nessa linha (divulgacão cientifica), as vezes fico indignada com o que vejo em material de escola, é tudo muito forcado, os joaozinhos e pedrinhos falando “vamos salvar o planeta”e essas coisas...XD

    Okay, acabei desvirtuando o assunto, mas enfim...resumindo, não acho uma boa essa lei de incentivo as Hqs. Dá pra melhorar o mercado sem ficar forcando com lei de cotas e tudo mais.

    ResponderExcluir
  13. Opa, obrigado por comentar Yumi!

    É, política é sempre um troço complicado! Assim como você, o meu medo é exatamente isso de fazer de qualquer jeito.

    ResponderExcluir
  14. Joe, sugiro um tópico falando do ProAC, dai podemos falar dele com mais liberdade e...
    ( Diga-se de passagem, se eu for falar do ProAC vai voar pedrada pra todo mundo! >_> )
    A Yummi pegou dois pontos, um eu concordo, outro não.
    Sim, concordo com ela que apenas a lei não basta por si só, temos que ter uma ESTRUTURA pensada pra absorver o pessoal que quer desenhar, escrever, etc... isso não tem. Isso lasca a gente.
    Eu citei a Coréia, lá eles tem curso superior pra fazer quadrinhos, tem um batalhão de gente pronta pra assumir seus postos.
    Além dessa estrutura eles já tem um mercado interno de videogames forte lá. Olha a renca de MMOS Coreanos que estão chegando pelo mundo! A gente precisava de estruturas assim, porque como os EUA e o Japão provaram, não dá mais pra viver só de Quadrinhos.
    Eu só discordo da Yumi no ponto da tal "qualidade", isso é subjetivo.
    Cada um tem seu próprio nível de exigência, olhem a TV, o humor grosseiro do Zorra Total, Pânico e parecidos dá um Ibope lascado. As pessoas comuns gostam.
    Olha os mangás, 30 anos com historinha shounen de superação que não tem mais nada de novo, todo mundo assiste.
    Nem vou entrar no mérito de comentar os animes, estão tão ruins quanto.
    Olha os Super-heróis gringos, mais de 50 anos dando porrada em bandido.
    Qualidade é algo muito subjetivo, insisto. E muitas vezes não é o que gostaríamos que fosse.
    Adorei Queen's Blade, mas acho uma porcaria porque apela demais, sem necessidade.
    Contudo a paradinha já tá indo pra terceira temporada, quer dizer: as pessoas não se importam com o que eu acho, elas querem ver é peito, bunda, apelação e garotas se agarrando que tá tudo bem.
    Lasque-se eu, essa é a Verdade.

    ResponderExcluir
  15. Realmente, o conceito de bom ou ruim varia de pessoa pra pessoa, por isso eu fiz questão de frisar que por qualidade eu estava falando HQs bem feitas,

    como a própria Holy Avenger, a revista tinha boa impressão, bom acabamento, os desenhos e roteiros eram consistentes, a distribuição era eficiente. Gostando ou não da história, o projeto era bem feito.

    Humm... Um tópico sobre ProAC? Não posso prometer, mas talvez eu faça isso (vai juntando as pedras).

    ResponderExcluir
  16. Holy Avenger só mostrou nosso OUTRO calcanhar de Aquiles: a descontinuidade.
    Durou 42 números, gerou um CD de Drama, 6 edições especiais, alguns livros de rpg e...
    Morreu.
    Atente também o momento cronológico, não tinhamos mangás nas bancas ( exceção essa feita por Ranma 1/2, publicado na época pela Editora Animangá ).
    Sem concorrência? As pessoas abraçaram HA, porque era genérico em sua essência. Mas quando a JBC e a Conrad entraram com força no mercado, trazendo mangás com referências em animes conhecidos e preço baixo ( 2,90 na época ) foi uma voadora com os dois pés nos peitos da Nielle!
    E ela não aguentou o tranco! D:
    Ta aí outro monstro que precisa ser vencido, o processo de continuidade.
    Sem ele, necas de mercado!

    ResponderExcluir
  17. Questões de mercado a parte, não dá pra negar que Holy teve o seu momento, mas passou e concordo que realmente eles não souberam se aproveitar disso.

    Até lançaram outras HQs (ainda estão lançando), mas sem o mesmo impacto. Essa é outra questão complexa e renderia um outro post só para pensar em como levar um projeto ao longo dos anos.

    Acho que não depende só das HQs em si, também seria necessário um investimento em marketing e um mercado extremamente profissional.

    ResponderExcluir
  18. Precisamos de estrutura de trabalho.
    Cara que começa hoje, tem que pensar todo o processo dele até o fim da publicação.
    E isso é errado, porque brinda apenas UM título, quando precisaríamos de muitos mais nessa experimentação, o que não está acontecendo.
    Maioria dos artistas está mais preocupada em "realizar o sonho" do que "como posso ir longe com meus quadrinhos?"
    Existem exceções, Ledd, Mil Nomes, Elementais: o Receptáculo do Caos, Red Luna e mesmo a Ação Magazine, mas penso comigo mesmo se o esforço deles dará alguma coisa. A década de 90 foi a mais promissora em matéria de material nacional em HQ, mas ela agora é passado.
    Era preciso um esforço conjunto pra fazer barulho, em muitos lugares, não em poucos, e talvez assim, a gente sair do atoleiro.
    Porém o que desejamos que seja e o que realmente é é tenso...

    ResponderExcluir
  19. Eu torço muito por Elementais, o editor da Infinitum, o Daniel Cavalcante é um cara super profissional e muito dedicado.

    E também eu, o Rafael Pombo e a Yumi também estamos trabalhando junto com mais um pessoal em outro projeto da Infinitum (meus advogados me proíbem de falar mais do que isso por hora), mas como é um projeto que envolve muita gente o desenvolvimento é um pouco mais complicado.

    ResponderExcluir
  20. Ficou meio off-topic, mas...
    Todos nós precisamos aprender a trampar em grupo.
    Japão, EUA, Europa, todo mundo trampa em grupo.
    A figura do artista solitário não existe mais, pelo menos não no meio cormercial, no meio independente tu ainda acha um ou outro lobo solitário por aí.
    Mas pensem uma coisa, sem querer fazer juízo de valor de ninguém, vcs estão tocando as coisas por si mesmos, com seu próprio esforço.
    Caso algo dê errado, não vai ter volta. E já perdemos gente demais na década de 90 pra nos darmos ao luxo de errarmos estrondosamente de novo.
    Se tivesse uma lei, como a sugerida, talvez a gente ficasse mais tranquilo, porém...
    Joe, aproveitando, tem o texto da lei aí pra gente dar uma bizolhada? Ou acha que os comentários do post são suficientes?
    Abraços!

    ResponderExcluir
  21. Como esse é um assunto polêmico e como o mercado é bastante, é normal surgir muita conversa em torno de tudo isso. Não esquenta, pode comentar a vontade. ^^

    Eu já fui atrás do texto da lei antes de escrever esse post, mas não consegui encontrar. Se alguém encontrar, passa o link...

    ResponderExcluir
  22. Como eu dizia, ninguém sabe ao certo qual seria o "mapa da mina".
    Todos estão tentando achar seu próprio caminho.
    Da mesma maneira, eu também tenho minhas idéias sobre o que poderia funcionar ou não.
    Mas, o denominador comum de todas as iniciativas é: todos estão fazendo isso sem auxílio do Estado.
    Ok, empreendedorismo é muito bom, mas a ausência do Estado nesse tipo de relação é daninha. Muito poderia ser feito caso tívessemos uma lei clara sobre como produzir, com direitos e deveres para os artistas.
    Olhem isso aqui:
    http://www.lumlab.com.br/

    A idéia do Lum Lab era dar uma força pro povo fazer animações.
    Agora olha os escolhidos na brincadeira...
    http://www.lumlab.com.br/concursos-1.html?123

    Está ruim, mas talvez porque o programa começou faz pouco tempo. Da mesma maneira que o ProAC que por enquanto beira a irrelevância na minha opinião.
    Mas eles existem, podem ficar melhores.
    E o que não existe, como melhorar??

    ResponderExcluir
  23. Opa cara! Desculpa a demora em responder.

    Não conhecia esse projeto, sei que fazer animações é algo muito complexo então desejo sorte a eles.

    Concordo com você, sem ajuda do Estado as coisas ficam bem difíceis, mas como eu disse na coluna eu não acredito que esse modelo de apoio seria o ideal. Eu apostaria em incestivos para as editoras.

    ResponderExcluir
  24. Não sou a favor da lei, especialmente por ser uma medida que mete o dedo em modelo pessoal de empreendorismo.

    Supondo que você, mesmo suportando a alta carga tributária, conseguisse abrir uma modesta editora, que vendendo quadrinho europeu começasse a crescer.
    Da noite para o dia é então forçado, por uma lei federal, a mudar o foco do seu próprio negócio. Nada agradável.

    Claro, quero ver o quadrinho nacional se expandindo, porém com o apoio relacionado a sua manufatura, como abrangência maior de escolas de arte, uma melhor educação etc.

    Abraços a todos

    ResponderExcluir
  25. Depende...quer saber? Na real, não precisava mesmo de lei de nada.
    Mas vai ver quantas editoras estão abertas a aceitar submissões, querer ter ( de verdade ) uma vontade de criar um mercado aqui!
    Praticamente nenhuma!
    E é engraçado isso, lá fora editora trazem mangás, banda desenhada, rios de quadrinhos do exterior...
    CONTUDO, vê lá se eles deixam os artistas do país deles a mingua, caçando espaço porque editor que publica quadrinho europeu acha "ai, eles são muito ruins, não dá, não quero, livre-mercado, risos."
    Triste é morar num país onde tu precisa inventar lei onde só bastaria um simples pensamento, uma simples postura da parte de quem entende!
    Realmente, não precisaria essa lei.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bem colocado.
      É difícil comparar o nosso mercado com outros porque a cultura é muito diferente.

      Excluir
  26. acho valido ter cotas quando empresas multinacionais simplesmente não contratam brasileiros para trabalhar

    ResponderExcluir
  27. Exato Joe, como você disse.
    Temos um lado positivo e negativo dessa lei. É até interessante o objetivo dessa lei, poder ter HQ brasileiros, levar a cultura brasileiras pro HQ ... porém o lado negativo é que não adianta fazer isso em número e não qualidade. Porque foi como você mesmo disse "haveria o risco de vermos uma enxurrada de HQs sem qualidade produzidas a baixos custos apenas para cumprir as cotas".
    Enfim, concordo com você. E parabéns pela matéria.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado gente! A quantidade de comentários é a maior prova de como esse assunto mexe com todos.

      Excluir
  28. Apenas 20% de quadrinhos feitos no Brasil e 80% dedicado a publicações estrangeiras. Acho que para ampliar a importância da lei, vale lembrar do debate internacional sobre as políticas de comunicação mundial desde 1973.

    Tanto os países de Terceiro Mundo como a UNESCO reconhecem que é preciso reparar as formas de dependência cultural herdadas da etapa colonial, eliminando as sequelas criadas pela imposição dos países de Primeiro Mundo dentro do contexto da Guerra Fria.

    Como os países desenvolvidos ridicularizaram a preocupação dos países periféricos pela disparidade existente a nível político, econômico, social e cultural; foi decidido que governos locais desfavorecidos criassem leis próprias como forma de eliminar os desiquilíbrios e disparidade na comunicação, particularmente nos fluxos informativos. Sempre visando à eliminação da dependência cultural, favorecendo a cultura local, e, se possível, para distribuição mundial.

    A visão de que o mercado de quadrinhos também é um comércio, é reconhecer que existem muitos obstáculos que impedem a livre circulação de ideias, assim como poderosas forças financeiras, econômicas e politicas que tentam dominar a comunicação. A comunicação está diretamente ligada com as estruturas de poder.

    Estamos tão acostumados a valorizar o que vem de fora, que qualquer lei que favorece produções legítimas é alvo de crítica. Se o padrão de qualidade brasileiro não é bom o suficiente para competir com os internacionais, eu não saberia dizer. Mas reconheço que há diferentes formas de fazer um mesmo produto e a inclusão de quadrinhos brasileiros é favorável. Valoriza os talentos locais (acredito que existam muitos) e oferece ao público um produto de consumo diferente daqueles impostos por países de primeiro mundo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Saulo, eu acredito que podemos sim, fazer ao material que vem de fora, temos gente talentosa pra isso.

      Acredito que precisamos criar uma cultura como produtores e leitores de quadrinhos nacionais, mas acho que essa não é a melhor forma de se alcançar isso.

      Obrigado por comentar.

      Excluir
  29. Sinceramente, concordo com o seu ponto de vista... Comercialmente falando, essa lei acabaria prejudicando o mercado nacional.
    No entanto, devo resaltar que é apenas uma tentativa remota (daquelas com eco... eco... eco...) de tornar evidente o mercado quadrinista brasileiro.
    Eu sinceramente me surpreendo sempre que vejo uma novidade sobre o mercado brasileiro comtemporâneo, ele está vivo e isso me interessa muito. Mas acabamos sem ter ideia do que está sendo feito, da mesma forma que desconhecemos (eu e a população geral) os trabalhos literários...
    (Sério... Comprei Crônicas dos Senhores de Castelo sem saber que era um produto nacional! Hoje em dia... bem, me tornei um Senhor de Castelo...)
    Se pudessemos trocar essa obrigação por uma divulgação melhor... Adoraria ver a grande quantidade de pessoas que estão paradas na calçadas de suas casas sem fazer nada, lendo algum trabalho nacional...

    Por enquanto é isso... Até a próxima Joe! o/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu pelo comentário Victorio! Eu também sonho com um mercado nacional forte, só acho que não há soluções tão simples assim.

      Excluir