22 de fev. de 2014

[Resenha] Metrô 2033, de Dmitry Glukhovsky

Depois que uma guerra nuclear devastou a superfície e os níveis de radiação elevaram-se, restou aos sobreviventes buscar refúgio no subterrâneo, erguendo uma nova sociedade nas linhas dos metrôs. Décadas mais tarde, quando apenas os mais velhos ainda se lembram como eram as antigas as cidades, surge no metrô de Moscou uma nova ameaça que pode colocar a humanidade em risco de extinção.

É nesse cenário pós-apocalíptico que se passa o fascinante Metrô 2033, um ilustre desconhecido em nossas livrarias.

Publicado originalmente no site do autor russo Dmitry Glukhovsky em 2002, Metrô 2033 ganhou uma versão impressa em 2005, sendo um grande sucesso na Rússia, e em 2010 foi publicado nos Estados Unidos.

A história acompanha a odisséia de Artyom, um jovem soldado dono de uma mente analítica que vive em VDNKh, uma estação do metrô de Moscou assolada pelo surgimento de estranhos seres humanóides cobertos de pelos pretos e dotados de poderes mentais. Artyom acaba sendo incumbido por um individuo chamado Caçador  da missão de viajar até Pólis, a estação mais moderna do metrô, levando consigo uma mensagem que pode ser a única esperança da raça humana contra as misteriosas criaturas. Ao longo do caminho, ele irá se deparar com perigos sobrenaturais, grupos fascistas, comunistas e nazistas, seitas religiosas, profetas e monstros mutantes criados pela radiação.

Em termos de gênero, Metrô 2033 pode ser definido como uma história de viagem, mas também de filosofia. Cada estação é um microcosmo. De estações modernas e progressistas à locais pobres e miseráveis, passando por estações militarizadas e tudo mais que há no meio disso.

O livro ainda apresenta elementos de horror de sobrevivência (termo bem conhecido pelos gamers), um gênero onde os personagens são confrontados com seres monstruosos, quase sempre, em ambientes claustrofóbicos. De fato, algumas passagens remetem a jogos como Resident Evil e Silent Hill. O próprio Metrô 2033 já foi parar no mundo dos games em uma adaptação homônima, que mais tarde ganhou uma continuação chamada Metro: Last Light.

Pode-se dizer que a narrativa não é em primeira e nem em terceira pessoa. Explicando, embora a história seja contada por um narrador onisciente, acompanhamos tudo pelo ponto de vista de Artyom. Além disso, ele é o único personagem cujos pensamentos podemos “ouvir”.

O estilo de Glukhovsky é detalhista e a trama evolui sem pressa. É notável como o autor consegue alternar bem entre os momentos reflexivos, apresentando diferentes teorias sobre a natureza humana, e sequências de terror e suspense capazes de deixar o leitor com o coração na mão. O grande senão do livro é ausência quase total de personagens femininas, que não apenas são raras, como tem pouca relevância na história, deixando tudo impregnado com a ótica masculina.

Pouco para ofuscar as qualidades do livro, que ainda traz um final forte e surpreendente. Com uma história instigante, Metrô 2033 é uma obra que vale uma conferida. Recomendada!

FICHA TÉCNICA

METRÔ 2033
Autor: Dmitry Glukhovsky
Lançamento: 2005
Páginas: 416
Editora: Planeta do Brasil

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