Mesmo que você nunca tenha ido ao cinema ver os filmes estrelados por Jeniffer Lawrence, tenho certeza de que sabe do que se trata a superprodução Jogos Vorazes, adaptação da bem-sucedida série literária. Mas para essa resenha, pretendo me afastar das telonas e focar apenas no livro em si.
Jogos Vorazes é o primeiro volume da trilogia escrita por Suzanne Collins, que continua nos livros Em Chamas e A Esperança. A obra trás uma mistura de ficção, aventura infanto-juvenil e drama de sobrevivência.
Em um futuro distópico, os doze distritos da nação Panem são comandados com mão de ferro pela Capital, que impõem um regime ditatorial. A cada ano, um garoto e uma garota de cada distrito são sorteados para participar dos Jogos Vorazes, uma competição selvagem transmitida ao vivo para todo o país, da qual apenas um dos participantes saí com vida. Após sua irmã caçula ser sorteada, Katniss Everdeen, uma jovem caçadora do Distrito 12 se oferece para tomar o lugar dela.
Embora seja um romance infanto-juvenil, Jogos Vorazes toca em algumas questões delicadas do mundo moderno. Não é difícil perceber a força da crítica social presente no livro, a começar pelo abismo social que separa luxuosa e avançada Capital do pobre Distrito 12, uma espécie de favela construída ao redor de uma mina de carvão. Katniss observa essas diferenças diversas vezes durante a fase de preparação.
Todo o glamour que rodeia os Jogos não muda a sensação de vigilância por parte do governo, que seguindo a cartilha do Pão & Circo, oferece um espetáculo para que o povo esqueça suas misérias (alguém falou em Copa do Mundo?)
A selvageria da disputa, onde é preciso matar seus adversários para ser o campeão remete aos reality shows e seu entretenimento baseado na depreciação humana. Um sistema do qual a própria Katniss tira vantagem ao fingir um romance com seu colega de distrito, Peeta, para ganhar mais presentes dos patrocinadores, enviados à arena através de pequenos helicópteros.
A história é toda narrada em primeira pessoa por Katniss. Já acostumada a caçar animais com arco e flecha para sustentar a família, a protagonista de Jogos Vorazes é uma moça de temperamento forte, mas sempre muito honesta, seja em suas explosões de raiva, seja nos momentos de generosidade. Contada por uma adolescente, a história tem uma linguagem simples e acessível. Ainda assim, a narrativa se mostra sólida, sem se tornar coloquial demais em momento algum.
O ritmo da trama é bastante ágil e Suzanne Collins consegue achar o ponto certo de equilíbrio entre a ação e a narração, mesmo quando é preciso explicar algo específico do mundo onde tudo se passa. Algumas passagens são bem violentas, em especial no clímax, mas nada que chegue a deixar a leitura pesada demais.
Jogos Vorazes agrada tanto ao seu público-alvo (adolescentes) quanto adultos. Uma excelente aventura que não deixa de abordar questões relevantes pelo caminho. Recomendado!
FICHA TÉCNICA
JOGOS VORAZES
Autora: Suzanne Collins
Ano de lançamento: 2010
Número de páginas: 400
Editora: Rocco
Parabéns pela resenha. Sempre tenho um pé atrás com esses livros onde há muito oba-oba em cima, mas quem sabe no futuro...
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, Hadrian!
ExcluirRealmente, achei um bom livro.