20 de dez. de 2020

[Resenha] Luzes do Amanhã e Outros Contos, de Sandro G. Moura

Essa é uma coletânea com características próprias. Em geral, livros desse tipo costumam se focar em apenas um gênero principal ou um tema central. Em contrapartida, Luzes do Amanhã traz nove contos divididos em três gêneros: cyberpunk, steampunk e fantasia.

O que fica evidente na leitura dessa obra é a capacidade do autor de criar ambientações elaboradas em poucas páginas. A narrativa tem é dinâmica e sólida em cada conto.

O livro abre com três histórias cyberpunk, incluindo aquele que dá título à obra: Luzes do Amanhã.  Todos os contos dessa seção se passam no mesmo mundo e se complementam. As tramas giram em torno de uma corporação corrupta que transformou a clonagem num negócio milionário. Cápsula de Liberdade é meu conto favorito em toda a coletânea e considero uma aula de como construir uma narrativa sólida e envolvente. Essa foi a seção que mais gostei do livro. O universo mostrado aqui é bastante complexo e os personagens são totalmente envolventes. Quando o terceiro conto chega ao fim, deixa no ar um forte gostinho de "quero mais".

Na sequência somos apresentados a um curioso universo steampunk que combina as lendas do rei Arthur com armaduras gigantes movidas à vapor. Em apenas três contos curtos, o autor entrega uma história completa com começo, meio e fim. O senso de aventura é grande e as tramas possuem bastante energia.

A seção de fantasia é diferente das demais: aqui não temos um único mundo. Cada conto é fechado em si. Temos uma história medieval eletrizante, uma trama envolvendo uma figura bíblica (onde se vê bem as opiniões fortes do autor) e um conto de vampiros com uma interessante reviravolta.

Em resumo: uma ótima leitura que eu recomendo demais!

7 de dez. de 2020

[Resenha] O Violino Escarlate, de Camila Dornas

Essa obra de Camila Dornas é um bom exemplo de realismo mágico: uma história que se passa no mundo real , mas com um ou outro elemento fora do comum, sem contudo tirar os pés do chão. No caso, esses elementos são um fantasma e um violino que parece ter vontade própria. Vamos com calma que eu já explico essa história direito.

O Violino Escarlate conta duas tramas. A primeira, ambientada no presente, nos leva a conhecer Maya, uma ex-violinista com várias marcas emocionais causadas por um relacionamento abusivo. No velório de sua avó, Maya atende ao último pedido dela, tocando um violino vermelho que está na família há décadas. Nesse momento, o espírito da avó falecida, Rosa, aparece para incumbir sua neta da tarefa de devolver o instrumento a seu dono anterior, no México.

A segunda trama é justamente a jornada de Rosa pelo México de 1975, seu intenso relacionamento com o músico Juan e a forma como se viu numa situação inusitada e perigosa. À medida que Maya vai superando os desafios em sua busca, mais segredos sobre o passado de Rosa se revelam.

Desde o começo da leitura, o texto de Camila Dornas já nos prende ao livro. A narrativa é dinâmica e tem bastante energia, mas sem apressar os fatos em nenhum momento, deixando a leitura bastante agradável. É interessante como a autora lida igualmente bem com ambas as protagonistas, mesmo se tratando de duas pessoas totalmente diferentes.

Essas duas narrativas distintas também permitem que o livro flerte com vários gêneros: romance, drama, policial, comédia romântica e outros. O mais notável é a forma harmônica como esses vários elementos se combinam e se complementam.

Uma leitura que eu, com certeza, recomendo

16 de out. de 2020

[Resenha] O Grão da Mostarda, de Ironi Jaeger

Durante o funeral de sua irmã, a pequena Sara se encontra numa triste posição: arrasada emocionalmente pela perda, se vê acusada injustamente de ser a responsável pela tragédia. Convivendo com os segredos dos adultos ao seu redor e lidando com sentimentos que não compreende totalmente, Sara irá descobrir uma nova visão de mundo que mudará sua vida e a de sua família.

O Grão da Mostarda é uma ficção de cunho cristão com uma mensagem sobre culpa e redenção.

O primeiro capítulo traz uma das aberturas mais fortes que eu já li por conta dos sentimentos profundos que a autora consegue evocar com poucas palavras. É difícil não sentir uma empatia imediata por Sara. A menina é uma personagem muito bem construída, ainda que eu, pessoalmente, a considere um pouco passiva para uma protagonista.

Os ritos funerários e outros elementos culturais apresentados no livro são bastante interessantes, em especial a figura do Devorador de Pecados.

A ambientação poderia ter sido melhor trabalhada. Tive certa dificuldade para situar a história e foi graças a conversas com a autora num grupo de Whatsapp que compreendi ser uma comunidade gaulesa assentada nos Estados Unidos colonial.

O Grão da Mostarda é uma leitura rápida e bem honesta na sua proposta. Especialmente recomendado para os fãs de literatura cristã.

27 de jul. de 2020

[Resenha] Resto de Vida - vol. 01, de Eliza Edgar

Anos 90. Um programa de auditório recebe dois grupos musicais adolescentes: um deles formado apenas por garotas, o outro formado por rapazes. É ali mesmo, diante das câmeras, que Lucy conhece Benjamin. Essa atração é o gatilho que inciará uma série de eventos, mudando para sempre as vidas de ambos e também de todos que conhecem.

Numa trajetória que se estende por mais de uma década, Eliza Edgar nos convida a testemunhar personagens crescerem, amadurecem e terem filhos. Vemos ascensões e quedas, amores e corações partidos, gestos de bondade e gestos de crueldade, alegrias e tristezas.

3 de jun. de 2020

[Resenha] A Árvore dos Frutos Envenenados, de Rebeka Préz

O ano é 1957. O corpo de uma professora é encontrado com marcas de um assassinato violento, agitando a rotina da pequena cidade de Aurora do Norte, no interior paulista. Na pista desse mistério está Cecília Venturini, membro da primeira turma de mulheres policiais de São Paulo. Para encontrar o assassino, ela terá de desvendar uma teia de segredos em meio a uma parceria complicada com o detetive alcoólatra Roberto Pimentel.

Embora esse não seja o gênero que leio com mais frequência, sempre consigo me divertir com um bom livro policial, e o trabalho de Rebeka Prez, com certeza, é um dos bons.

O livro apresenta uma narrativa cinematográfica que curto bastante. O texto é dinâmico e envolvente. A ambientação é excelente e Rebeka consegue criar cenários vivos sem se estender em descrições longas. A cidade de Aurora do Norte também é bastante autêntica, seja na criação de mundo, seja em seus personagens: figuras com as quais poderíamos trombar no meio da rua.

28 de abr. de 2020

[Resenha] Bella Greyson, de Cristiane Fernandes (Em Busca do Amor - vol. 02)

Aqui temos mais uma leitura fora da caixa pra mim. De Cristiane Fernandes, Bella Greyson é o segundo volume da trilogia Em Busca do Amor. Apesar de ser a segunda parte de uma série, o livro apresenta uma história fechada.

O que temos aqui é um história de romance e drama, com uma outra cena mais quente. Pessoalmente, não chego a considerar um livro hot, apesar de ter essa classificação (um "hotinho", como me disse a própria autora).

A trama apresenta a história de Isabella Greyson, uma ex-modelo tentando colocar sua vida de volta nos eixos após ser acometida por uma quadro de bulimia. De seu novo apartamento, Bella procura pôr em ordem seu intempestivo romance secreto com J. C., um velho amigo de sua família, enquanto ajuda sua melhor amiga Stela a superar um relacionamento abusivo, lida com uma mãe controladora e outras coisas mais.

29 de mar. de 2020

[Resenha] Um Encontro com o Acaso, de Dresa Guerra

Um Encontro com o Acaso é um romance do tipo slice of life, ou seja , um recorte da vida: um história baseada no cotidiano de seus personagens.

A trama gira entorno dos encontros e desencontros da fotógrafa profissional Mariana e do professor de inglês André. Ela, intensa e imprevisível. Ele, calmo e planejador. Embora a primeira vista possa parecer um romance do tipo: "os opostos se atraem", a verdade é que a relação entre os dois é extremamente bem construída.

A trama vai evoluindo juntamente com o relacionamento de Mariana e André. O ritmo da narrativa é bem fluído e a autora consegue criar um clima de intimidade entre os leitores e os personagens. Durante a leitura você se sente cúmplice do casal. Mesmo em momentos mais sérios e delicados, a narrativa mantém um clima leve, tornando a leitura bastante tranquila e agradável.