18 de jul. de 2016

[Resenha Especial] Novas HQs Hanna-Barbera

O que dizer sobre a Hanna-Barbera? O que dizer sobre tantos personagens icônicos? Scooby-Doo, Os Flintstones, Os Jetsons, Jonny Quest, Space Ghost, Herculóides e a lista continua... Hoje, o estúdio é parte do grupo Warner, assim como a DC Comics. Ano passado a editora anunciou um projeto, uma reformulação do universo Hanna-Barbera na forma de quatro novas revistas.

Aqui entre nós, me considero um grande fã da Hanna-Barbera. Conheço os personagens e ainda assisto os desenhos ocasionalmente. Quando fiquei sabendo dos novos títulos, olhei para essa ideia com curiosidade e passei a esperar cada HQ com diferentes níveis de expectativa.

Agora que todos os títulos já foram lançados, trago as minhas impressões sobre a primeira edição de cada um. Não espere comentários do tipo "por que colocaram tatuagens no Salsicha?" ou "estão matando os personagens" ou ainda "mimimi, mimimi, mimimi". Tem muito disso internet afora. Meu foco vai ser nas HQs em si, listadas abaixo em ordem de lançamento.

FUTURE QUEST #1
Roteiro de Jeff Parker, desenhos de Evan Shaner e Steve Rude, cores de Jordie Bellaire. Future Quest começa mostrando a origem de Space Ghost. Já na Terra, uma fenda dimensional atraí a atenção da família Quest e do Homem-Pássaro, bem como o vilão Dr. Zin.

Entre todos os títulos, esse é o que mais se aproxima do cânon. Na verdade, a história sequer toca no que foi estabelecido nos desenhos antigos. Jonny e Hadji já são irmãos adotivos e o Homem-Pássaro é conhecido como um grande herói. A maior mudança é a ambientação nos dias atuais, ao mesmo tempo em que a arte dá um clima de nostalgia.

A história é interessante e tem um bom ritmo. O roteiro de Jeff Parker acerta ao manter essa edição focada num grupo menor de personagens, garantindo uma aventura bem redonda.

SCOOBY APOCALYPSE #1
Roteiro de Keith Giffin e J. M. DeMatteis, arte de Howard Potter. Durante uma feira mundial, Velma reúne Scooby, Salsicha, Fred e Daphne para fazer uma revelação: o laboratório para o qual ela trabalha está prestes a iniciar uma operação que pode destruir a civilização moderna e acabar com o mundo como o conhecemos.

Scooby Apocalypse segue o caminho oposto ao de Future Quest. O título coloca o cânon de lado e recria completamente os personagens, suas origens, personalidades e a maneira como interagem entre si. Em resumo, este não é o Scooby que você conhece.

A revista tem um visual moderno e arrojado (como era de se esperar de um character design criado por Jim Lee), mas peca no roteiro. Há um problema sério de info dump, ou seja, despejo de informações. Há muito dialogo, muito mesmo, e a maior parte é explicando sobre uma ameaça distante, falhando em criar uma sensação real de perigo. Além disso, falta conexão com os personagens (pelo menos, com essa versão deles). Estou curioso o bastante para arriscar mais um número, porém esse título precisa de uma injeção de carisma e dinamismo.

WACKY RACELAND #1
Roteiro de Kevin Pontac, desenhos de Leonardo Manco, cores de Mariana Sanzone. Após uma série de catástrofes devastarem o mundo, poucos sobreviveram na terra arrasada. Em meio a cenários destruídos, mutantes e monstros devoradores de gente, um grupo de pilotos disputa uma corrida sem regras. Um deles poderá entrar na terra prometida, os outros receberão a morte.

Wacky Raceland era o título que eu mais esperava e não me decepcionei. Partindo de um mashup inusitado entre Corrida Maluca e Mad Max, a revista opta por uma reinvenção completa. Todos tiveram suas origens, aparências e personalidades reformuladas. Quem mais mudou foi o Sargento Bombarda, que passou por uma mudança de sexo, tornando-se o primeiro personagem transexual da Hanna-Barbera.

Assim como o roteirista Jeff Parker fez em Future Quest, Kevin Pontac toma uma decisão acertada ao focar em poucos personagens, ao invés de tentar empurrar todos de uma só vez. A arte de Manco e Sanzone é dark e casa bem com o estilo sombrio e violento da revista.

THE FLINTSTONES #1
Roteiro de Mark Russell, arte de Steve Pugh, cores de Chris Chuckry. Bedrock, 100 mil anos atrás. Fred Flintstone é um veterano de guerra que agora trabalha numa pedreira. Recém-eleito funcionário do mês, ele está a espera da grande oportunidade de subir na vida. Enquanto isso, sua esposa Wilma tenta emplacar na carreira de pintora rupestre.

Desde que o projeto foi anunciado, eu nunca soube o quê esperar da revista dos Flintstones. Enquanto os demais títulos prometiam grandes aventuras, essa HQ foi apresentada como uma crítica à sociedade. Assim como Future Quest, The Flintstones não opta por uma reinvenção, mas segue o caminho da modernização. Fred e Wilma, Barney e Beti, a pedreira do sr. Slate... todos os elementos tradicionais estão presentes de forma bastante semelhante à versão clássica do desenho animado.

Como acontecia com o cartoon original, The Flintstones usa sua ambientação exótica para apresentar situações que remetem ao cotidiano do público, de uma forma que certamente dialoga melhor com o leitor adulto. Mesclando humor negro com o espirito HB (com direito a usar animais como utensílios), achei esse o melhor título do projeto.

2 comentários:

  1. Bem legal, Joe! O único título que realmente me interessou foi Future Quest, mas acho que todos valem uma leitura pra conhecer. E teu argumento sobre a qualidade dos Flintstones me deu curiosidade sobre o deles, embora eu não seja fã desses personagens (sempre preferi os Jetsons!). Até mais!

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    1. Eu também prefiro os Jetsons, Everton. Na verdade, nem vou muito com a cara do Fred nos desenhos mais antigos. Mesmo assim, eu gostei da revista

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