14 de dez. de 2013

[Resenha] Sementes no Gelo, de André Vianco

Não sou um grande fã de histórias de terror. Poucos são os filmes do gênero me agradam (acho a maioria muito bobos) e o mesmo vale para os livros. Não que eu não aprecie a obra de H. P. Lovecraft ou um bom livro de Stephen King, só que esse está longe de ser meu tipo favorito de leitura. Mas como tenho lido muita fantasia decidi variar um pouco.

Acabei procurando Sementes no Gelo, de André Vianco por duas razões. Primeiro, ouvi muitos elogios à essa obra. Segundo, eu ainda não ter lido nenhum livro deste que é considerado um dos grandes autores nacionais da atualidade. Eu gostaria muito de dizer que gostei da experiência… mas estaria mentindo.

A trama é ambientada em Osasco e começa quando Tânio Esperança, um detetive particular sem dinheiro é procurado por sua velha amiga Lisete, que diz estar sendo atormentada pelo fantasma de um menino chamado Pedro. Ao mesmo tempo, mais crianças fantasmas são vistas pela cidade envolvidas em assassinatos brutais de estupradores, pedofilos e outros tipos de criminosos. De inicio, o detetive não acredita no sobrenatural, mas à medida que a investigação avança, Tânio percebe que os fantasmas não apenas são reais, como são diferentes de outros relatos de assombrações.

A primeira coisa que chama a atenção em Sementes no Gelo é seu tamanho diminuto. Com apenas 174 páginas a obra está mais para uma noveleta do que um romance e essa falta de espaço têm reflexos no livro como um todo.

Os personagens são bastante rasos. Não possuem diferentes facetas, motivações claras ou ambições, apenas reagindo às situações que são colocadas. Os diálogos são rasteiros e recheados de chavões. Parece até que os personagens estão lendo suas falas. Da mesma forma, a ambientação não é aproveitada. A história se passa em Osasco, mas poderia ser em qualquer outro lugar que não faria diferença, já que o autor se limita a citar nomes de ruas e locais que significam pouca coisa para aqueles que não conhecem a cidade.

A polícia é presença constante durante toda a trama, o que, na minha opinião, compromete o clima de tensão e suspense que se espera em uma história como essa (afinal de contas, quem chamaria a polícia para cuidar de um caso de fantasmas?). A trama não flui de forma natural, resultando em muitas situações forçadas. Para se ter uma ideia, em dado momento, o responsável simplesmente aparece diante do detetive Tânio e faz o imenso favor de contar todos os detalhes de seu plano.

Apesar de tudo isso, há pontos positivos para serem destacados. Vianco faz algumas referências interessantes a elementos do nosso cotidiano como o Jornal Nacional e a revista Época. As crianças-fantasma também são interessantes. Esqueça as almas penadas com assuntos inacabados. Aqui as assombrações ganham nova origem e novos poderes.

Sementes no Gelo definitivamente não me agradou, mas vale para aqueles que procuram uma leitura rápida e para quem quiser ver um tipo de fantasma diferente do tradicional.

FICHA TÉCNICA

SEMENTES NO GELO
Autor: André Vianco
Lançamento: 2002
Páginas: 174
Editora: Novo Século

4 comentários:

  1. Do André Vianco eu havia lido apenas "Os Sete" porque assim como tu também não me amarro no gênero terror. Achei Os Sete um livro interessante apesar de discordar com forma como os vampiros foram derrotados - faltou verossimilhança ao meu ver - mas não me empolgou a ponto de querer ver outra obra do autor. Interessante a sua resenha e apesar dos pontos negativos que apresentou fiquei curioso. Talvez eu de outra chance ao autor, afinal a obra em questão é curta como disse. Parabéns pelo blog que está cada dia melhor.

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    1. Valeu pelos comentários, Hadrian!
      E pelo elogio também ^^

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  2. Que pena, tva tão empolgada pq gosto do autor mesmo vendo alguns pontos negativos na narrativa de vários livros que li dele. Por isso vou parar por este momento minha leitura , volto uma outra hora e vou começar a ler a série do Benitez Cavalo de Troia , eu tenho (ganhei) muitos livros dele, maaas me puseram muito medo e eu era jovem acreditei que fossem malignos e nunca os li rs
    Quanto Vianco acho que é estilo dele não se aprofundar nos personagens.

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